sábado, 13 de agosto de 2011

87 juízes no País estão ameaçados

A juíza Patrícia Acioli, de 47 anos, foi morta em uma emboscada em Niterói, atingida por 21 tiros
AGÊNCIA BRASIL
Brasília. A corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, informou ontem que há pelo menos 87 juízes ameaçados no País. Há cerca de três meses, ela pediu aos tribunais de todo o Brasil que informassem quantos juízes estavam sendo ameaçados e se eles vinham recebendo proteção. Um desses era Patrícia Lourival Acioli, de 47 anos, que foi morta no fim da noite de quinta-feira com 21 tiros, na entrada do condomínio onde residia, em Niterói. A Polícia acredita em emboscada e crime encomendado. Ela estava sem seguranças quando foi atacada.

Titular da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, a magistrada foi atingida por homens de moto que usavam capacetes. Patrícia era conhecida por atuar de forma rigorosa contra grupos de extermínio e milícias. Apesar de ser alvo de ameaças de morte, ela andava sem proteção policial ou veículo blindado.

Parentes da juíza reagiram com revolta à execução e classificaram como negligente a suspensão de sua escolta particular. Ao mesmo tempo, autoridades que participaram do sepultamento no cemitério de Maruí, em Niterói, circulavam protegidas por seguranças. "Se isso aconteceu, é porque em algum momento o Estado falhou", disse um parente que pediu para não ser identificado.

O caso provocou reação imediata das principais autoridades do País. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, solicitou que a Polícia Federal auxilie nas investigações. O presidente do Tribunal de Justiça do Rio, Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, escalou força-tarefa para concluir os processos de Patrícia.

O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, considerou o crime "bárbaro" e destacou 120 homens para atuar no caso.

Patrícia retornava do trabalho quando foi assassinada, às 23h45. Na hora do crime, os três filhos dela, que têm entre 12 e 20 anos, estavam em casa. Após os disparos, o mais velho quebrou um dos vidros do veículo para tentar socorrer a mãe. Nos últimos anos, Patrícia condenou dezenas de policiais envolvidos com milícias, grupos de extermínio e máfias de vans, combustível e caça-níquel, além de traficantes e bicheiros.

O nome da juíza era um dos 12 que constavam em uma lista encontrada com Wanderson Silva Tavares, o Gordinho, preso em janeiro, acusado de chefiar um grupo de extermínio. O namorado da juíza, o PM Marcelo Poubel Araújo, depôs por seis horas, mas a hipótese de crime passional foi descartada pelo diretor da Delegacia de Homicídios, Fellipe Ettore

Despedida
O corpo de Patrícia foi enterrado no fim da tarde de ontem. Cerca de 300 pessoas acompanharam o sepultamento. O ex-marido de Patrícia, que não quer ter o nome divulgado, fez um discurso no qual pediu às autoridades para que a morte dela não seja "mais um número nas estatísticas".

Fonte:Diario do Nordeste Online

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